O relato a seguir é feito com muito estudo e tem como conclusão uma previsão baseada não só no meu instinto e experiência, como na opinião de empresários e médicos: A cicatriz do coronavirus é real e será permanente. Todos nós vamos teremos que nos adaptar pós pandemia.
Antes disso, vamos voltar para o início de tudo, uma sexta feira 13 de muita sorte para mim. Dia 13 de março, minha empresa bateu recorde de público em um evento. Entre uma coisa ou outra a resolver, uma bomba apitava de madrugada no celular: o coronavirus estava, de fato, no Brasil. Cinco dias depois, a quarentena era oficialmente declarada. Ninguém teve tempo para agir ou se preparar, mesmo as multinacionais.
1 – O mundo dos negócios se divide em dois
Óbvio que algumas marcas, por conta de seus serviços ou produtos, vão lucrar muito com o confinamento. E com isso o mundo dos negócios vai se dividir em duas partes: os que atendem as pessoas em qualquer lugar ou ocasião e os que precisam das pessoas fora de casa para vender.
2 – A vida não para só no Coronavirus
Quem precisa das pessoas fora de casa vai precisar correr atrás e arrumar soluções. Quem pensa que nunca mais haverá outra pandemia, provavelmente está certo. Pode demorar 100 anos para termos um novo cenário como esse. Mas há inúmeras situações em que o confinamento irá acontecer: chuvas, neve, furacões ou outros desastres naturais como ressacas, vulcões, entre outros.
Na minha cidade Santos, por exemplo, choveu em 25 dos 29 dias de fevereiro. São situações resolvidas mais rápidas, claro, mas você vai conseguir vender nesses dias? Como?
3 – As pessoas já mudaram seus hábitos antes da pandemia
Antes mesmo da pandemia, mercados como o de casas noturnas já haviam reduzido muito. O mundo começou a descobrir algumas vantagens de se divertir em casa.
Em 2017 Facundo Guerra, considerado rei da noite paulistana já repensava no seu modelo de negócio. “O que a gente chamava de noite cinco anos atrás (2012), hoje, é dia, com as sunset parties que acontecem até meia noite no máximo. Ninguém mais fica até 3h da manhã enchendo a cara. A nova galera não quer mais isso”.
A culpa é da geração que atingiu a maioridade com um celular e a tecnologia na palma da mão. Há entretenimento noturno em casa com Netflix, Spotify, Tinder, Games e afins.
Marcelo Nóbrega, diretor do McDonalds foi categórico: “Meu principalmente concorrente não é o Burger King, é o iFood”. Apesar do delivery representar de 10 a 20% do faturamento de uma empresa, a famosa cauda longa de Chris Anderson é colocada em prática. Somados as migalhas de 10% de cada empresa, elas se tornam mais poderosas do que o faturamento das grandes empresas.
O Rock in Rio já tem uma segunda marca de sucesso: Game XP. E é outro evento que lota arenas. O mundo caminha para que jogadores de videogame ganhem mais dinheiro do que atletas olímpicos.
4 – As pessoas mudarão ainda mais seus hábitos pós pandemia
Em pesquisa da QualiBest, 93% das pessoas estão cozinhando em casa durante a quarentena. E para falar de mudanças, 44% disseram que estão cozinhando mais, 31% aumentaram as compras de alimentos para preparo em casa e 15% não faziam compras de supermercados via apps e passaram a fazer.
Uma das partes mais impactadas é a das bebidas: 41% alegam que não pedem bebidas via delivery e aproveitam o que tem em casa. Apenas 5% compram bebida alcoólica.
Sem contar a infinidade de pessoas que descobriram novos talentos, novos hábitos e hobbies e irão mantê-los pós quarentena.
5 – O novo normal
É consenso entre vários profissionais que teremos um cenário chamado de “novo normal” pós quarentena. Teremos mudanças de hábito e também mudanças de comportamento.
Pelo menos até o final de 2020/meados de 2021, muitas pessoas vão optar mais pelo delivery por conta da segurança. Veremos gente de máscaras na rua, álcool em gel em tudo que é lugar e muitos trabalhando em home office.
Com a parte financeira em declínio, a diversão em casa pode se tornar ainda mais atrativa com Netflix, noites de pizza e churrascos.
O público também vai cobrar mais posicionamento das marcas. Não só em relação ao coronavirus, como também em questões de sustentabilidade, ações sociais, testes em animais, entre outras questões de responsabilidade social.
Guilherme Sprocatti
Parabéns pelo texto Renato! Os motivos 3 e 4 ficam cada vez mais perceptíveis, muito legais os exemplos que você trouxe para nós.