Mais de 160 empresas anunciam saída em massa do Facebook

Coca Cola, Unilever, Starbucks, Honda e Verizon. O que estas empresas têm em comum? Elas pararam seus anúncios no Facebok/Instagram. Já são mais de 160 empresas que fizeram a maior rede social despencar na Bolsa de Valores.

O ano de 2020 tem sido marcado por uma cobrança ainda maior do público sobre o posicionamento das marcas. É uma continuidade do ano passado em que a “cultura do cancelamento” foi eleita como o termo do ano de 2019 pelo dicionário Macquarie.

O cancelamento é um boicote social feito para artistas, personalidades, políticos e marcas por conta de uma atitude (ou falta de) que vai contra o pensamento de uma sociedade igualitária.

No passado, esse movimento virtual era aplicado somente a escândalos, como a “operação carne fraca” e também o caso do Instituto Royal com testes em beagles.

O cancelamento da Pugliesi

Um dos primeiros casos foi a saída do Instagram de Gabriela Pugliesi, primeira influenciadora brasileira a bater a marca de 1 milhão de seguidores. A rejeição foi rápida não só pelo público (100 mil pessoas em poucas horas), mas também pelas marcas que cancelaram patrocínio. O motivo? Gabriela deu uma festinha no início da quarentena em sua casa e fez stories de tudo, mesmo sempre tendo defendido um estilo de vida super saudável. Entre as marcas que retiraram seu apoio estão Rappi, Hope e Kopenhagen.

Hoje ela está de volta à rede e ostenta 16 milhões de seguidores.

Empresas que apoiam a política

Historicamente, a política no Brasil já é um assunto bem delicado e empresas como Madero, Riachuelo, Smart Fit e Havan foram responsabilizadas não só pelo seu discurso anti-isolamento social como também pelo apoio financeiro no escândalo das Fake News.

Não só perderam seguidores como originaram um movimento de boicote  às empresas que apoiam o Bolsonaro.

Racismo nos EUA

O debate mundial do racismo por conta da morte de George Floyd, pela força bruta policial no final de maio, teve desdobramentos como a demissão do ator Hartley Sawyer, que faz o super herói Homem Elástico na série The Flash, por comentários racistas.

Vale lembrar que a DC tem apostado na inclusão de minorias e modificação de suas histórias trazendo temas como racismo e homofobia. Mais especificamente em The Flash, a família West (Iris, Wally e Joe), originalmente branca nos quadrinhos, são interpretados por atores negros.

O setor de dublagens de desenhos também teve uma reviravolta com pedidos de demissão em massa de dubladores brancos que interpretavam personagens negros, dando oportunidade para profissionais desta etnia. Family Guy, Os Simpsons e Big Mouth estão entre esses desenhos.

Coca Cola e Unilever boicotam o Facebook

Toda essa longa introdução serviu como base para o assunto do momento: a retirada de verbas de anúncios do grupo Facebook/Instagram.

Tudo começou no início do mês com pedidos de usuários, empresas e funcionários do próprio Facebook de que Mark Zuckerberg tomasse uma atitude frente aos comentários incendiários do presidente americano Donald Trump, tanto sobre o combate ao coronavírus quanto aos protestos a favor dos negros.

Em nota à imprensa, Zuckerberg apenas disse que “o Facebook não deve ser o árbitro da verdade. Acreditamos que as pessoas precisam saber se o Governo está planejando mobilizar a força”. A situação teve como agravante o rival Twitter se posicionando de forma diferente e comprando briga com o presidente.

Apesar de anunciar uma doação para ONGs que combatem o racismo, o CEO do Facebook ligou para Trump tentando convencê-lo a mudar o tom e suavizar suas publicações. Foi aí que centenas de funcionários do Facebook fizeram greves e grandes marcas começaram o boicote.

Com a eleição já em 3 de novembro há a preocupação com o papel decisivo das redes sociais e sobre suas regras. No dia 17 de junho, a Unilever interrompeu seus anúncios, seguida pela Coca Cola. Dia após dia empresas começaram a fazer o mesmo até que o anúncio da Starbucks, neste domingo, ligou um alerta de urgência.

O que o Facebook tem feito

Apesar de retirar do ar um anúncio do presidente Trump no dia 18, a ficha demorou a cair e o Facebook começou a se pronunciar somente na última sexta-feira. Primeiro ao anunciar uma nova política, na qual proibirá qualquer mensagem relacionada ao chamado discurso de ódio em sua plataforma, ou seja, mensagens com um conteúdo que, segundo os editores do Facebook, promova a discriminação.

Além disso, identificará os conteúdos que considere de especial valor jornalístico para o público. Ao que parece, a decisão tende a promover conteúdos relevantes.

Além da queda de receita, a notícia fez a empresa despencar 8% na Bolsa, o que equivale a um prejuízo de R$39 bilhões. Vale lembrar que o momento é o pior possível para este boicote, já que centenas de empresas foram à falência e outras centenas pararam seus anúncios por conta do baixo faturamento na pandemia.

 

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